Romance vencedor do Prêmio Sesc 2023. Outono de carne estranha nos convida a mergulhar nas lamas de Serra Pelada. combinando as memórias do garimpo e a ficção. Com sua escrita sensível e perfurante. Airton Souza conta a história de amor entre os garimpeiros Zuza e Manel. em um território de embrutecimento dos homens e da terra. Outono de carne estranha. do paraense Airton Souza. se passa no contexto da famosa e trágica Serra Pelada. o maior garimpo a céu aberto do mundo. explorada por milhares de homens na década de 1980. Nessa terra fragmentada pelas enxadas. marcada pela ganância e pela violência. o romance mescla fatos históricos e ficção para contar a história de Zuza e Manel. dois garimpeiros que se apaixonam. e Zacarias. um padre angustiado diante da própria batina. Os três protagonistas tentam. a todo custo. bamburrar: encontrar uma grande quantidade de ouro e. assim. ganhar a vida. A escrita de Airton fala as línguas do norte e do garimpo para adentrar um pedaço da história brasileira que. até hoje. pouco foi abordado pela literatura – Serra Pelada. A terra úmida. os desabamentos e o cheiro do garimpo são cenário de uma história em que talvez já não existam fronteiras entre o sagrado e o profano. entre a morte e o erotismo – constantes dualismos enfrentados pelos personagens. Apesar de a obsessão pelo ouro e a truculência dos que comandam o garimpo criarem uma atmosfera violenta. assassina e solitária. a ternura narrativa abraça seus personagens para que. de algum modo. escapem à asfixia da repressão. permitindo que amem e sejam amados. Não é à toa que. para os escritores Joca Reiners Terron e Suzana Vargas. que assinam a orelha do livro. a paixão entre Zuza e Manel representa “o amor que encarna a peleja de existir em meio a um grupo moralmente doente. seja pela ambição ou pelo fanatismo”. “Outono de carne estranha é um épico minimalista sobre o sonho do ouro em Serra Pelada. antigo garimpo no sudeste do Pará. sobre a homoafetividade em território inóspito e a violência decorrente disso. com protagonistas comoventes e um lirismo à flor da pele coberta de suor e lama.” - Joca Reiners Terron e Suzana Vargas