Esse é o ponto de partida da inquietante investigação de Langewiesche. O autor primeiro nos leva a uma das antigas "cidades secretas" da ex-União Soviética, que nem sequer existiam nos mapas, e onde hoje o governo americano investe milhões de dólares na tentativa de reaparelhamento e proteção de velhas instalações atômicas. É uma expedição por um mundo quase sobrenatural, em que se misturam burocracia, paranóia, despreparo e humor negro, como a história relatada pelo técnico americano, cujo monitor de radiação captou algo suspeito dentro de um ônibus - um peixe recém-pescado de um lago contaminado pela radiação, nos confins da Rússia.
Em sua viagem pelos bazares atômicos do mundo, o autor então nos conduz ao Paquistão. Ali vamos conhecer Abdul Qader Khan, o ousado e sinistro cientista que, depois de anos de trabalho na Holanda, regressou a seu país na década de 1970 com planos e projetos roubados embaixo do braço, e a determinação de dar à sua pátria um arsenal nuclear - o que , afinal, ele acabou conseguindo. E foi além: Khan pode ser considerado o maior proliferador nuclear de todos os tempos; suas digitais são encontradas, de forma direta ou indireta, em diferentes esforços de dominar a bomba atômica na Coréia do Norte, na Líbia, no Iraque e até no Brasil. Para não falar do Irã, cliente tradicional do Paquistão, que mantém conversas e negócios com Khan há mais de vinte anos com o pleno conhecimento da CIA e a complacência do governo americano. Num mundo em que os negócios falam mais alto que os esforços diplomáticos, Langewiesche apresenta uma visão realista da ameaça que essas novas potências nucleares representam a todos nós.