Ione Saldanha (Alegrete. Rio Grande do Sul. 1919 – Rio de Janeiro. 2001) foi uma figura pioneira. porém sem o devido reconhecimento na história da arte brasileira do século 20. Embora trabalhasse de maneira intuitiva. o desenvolvimento de sua obra tão rigorosa quanto poética ao longo de quase seis décadas demonstra uma extraordinária coerência. Pode-se pensar na pintura num campo expandido ou ampliado como leitmotif do trabalho: Saldanha pintava sobre tela. papel. longas ripas de madeira. bambus. bobinas e. por fim. sobre objetos empilhados. A cor e o construtivismo faziam parte do seu idioma – por um lado. suas várias paletas de cores ao longo dos anos são tão singulares quanto arrebatadoras; por outro. a geometria e a verticalidade sempre foram referências muito fortes na construção de seus trabalhos. No centro da obra de Saldanha há uma preocupação com uma certa representação ou invenção da cidade e da arquitetura. real ou imaginada. daí o subtítulo deste volume. que acompanha a exposição do mesmo nome no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. a maior mostra e publicação já dedicadas à artista. Este é um livro essencial para quem quer conhecer ou se aprofundar no trabalho de Ione Saldanha. e também para aqueles interessados na arte latino-americana do século 20. particularmente nos rumos da abstração informal e geométrica no meio do século passado.