Vieni via con me chocou a Itália. As falas de Saviano irritaram o governo, provocaram políticos dos mais diversos partidos e conquistaram o público. O programa superou a audiência do Grande Fratello (o Big Brother local) e de uma partida entre Inter de Milão e Barcelona, em que disputavam a Liga dos Campeões. Ao lançar este livro, Saviano disse: “A livraria é um local de aprofundamento e reflexão que aterroriza o poder. A Camorra não tem medo de mim e das minhas palavras, mas de quem as lê, pois com os leitores a palavra vira ação”.
Além de versões revistas e ampliadas dos monólogos que Saviano apresentou na televisão, o livro traz três ensaios publicados no jornal italiano La Repubblica em 2011. Em “Autorretrato de um chefão”, o primeiro deles, transcreve as conversas que teve com um ex-mafioso. Acusado de trinta homicídios, Maurizio Prestieri liderou uma facção da Camorra e conta em detalhes como funciona o lucrativo comércio de cocaína, bem como os rituais de sangue da máfia napolitana. Convertido em informante da polícia, hoje Prestieri vive escondido, como o próprio Saviano, que vive sob escolta policial desde que Gomorra foi publicado. Nos agradecimentos, o autor cita, entre outros, “os catorze homens da minha escolta, que aceitaram passar muito tempo longe de casa com um sorriso nos lábios e com muita disciplina, apoiando meu trabalho”.