Após um cataclisma ambiental. só uma região na América Latina sobreviveu ao avanço das águas: Bolivana-Zumbi. Sua classe média remanescente se reestruturou à base do comando evangélico. do jugo chinês e da obrigação de restaurar a natureza. mas segue com suas rixas e discriminações. O resultado é um livro épico. sobre a força da destruição humana. “Quem nos governa é o medo da morte.” Este é um romance complexo e múltiplo. sem paralelos na literatura brasileira. Após uma catástrofe ambiental. a América Latina. ou o que sobrou dela. é agora a nação Bolivana-Zumbi. o “gigante dócil e inofensivo” onde a moeda se chama bênção e o poder dominante. fantoche dos desígnios chineses. é a Eclésia. gerida pela igreja evangélica Bola de Fogo. Aqui a natureza é a principal preocupação: é expressamente proibido desmatar e caçar animais silvestres. e os infratores pagam com a morte. Em Bolivana-Zumbi se fala o portunhol. pois o português se tornou a língua submersa — e proibida. Manoel Herzog nos leva. com contundência e um humor desconcertante. às entranhas dessa nova sociedade que habita as antigas regiões de Santos e Cubatão. Em pequenas sagas que se sobrepõem e se complementam. conhecemos um mundo novo e perturbador. onde a própria realidade é tecida de pesadelos.