Numa escrita envolvente e delicada. feminina e firme. este romance de estreia é uma meditação vigorosa sobre memória e descendência. Gloria. uruguaia criada no Brasil. tem cerca de quarenta anos quando vê ruir todas as certezas de sua vida após sofrer um aborto espontâneo e descobrir que seu corpo não será mais capaz de gestar uma nova vida. Demitida do trabalho e com o pai hospitalizado. ela retorna ao Uruguai da sua infância em busca de respostas e de um pouco de paz. Lá. outros fantasmas estão à sua espera: a irmã gêmea que morreu com poucas semanas de vida mas cuja presença assombraria Gloria até sua vida adulta. e os ecos ainda presentes de um regime autoritário e violento que obrigou muitos uruguaios a buscar o exílio. Tudo isso é narrado com mão leve. Algumas passagens formam uma deliciosa crônica da saudade montevideana. outras fazem um inventário devastador do remorso e do declínio biológico. Um claro-escuro tão veraz quanto poético. Estreia de Gabriela Aguerre. O quarto branco vai da cólera ao regozijo. da nostalgia à vontade férrea.