Odeio o barulho dos atabaques. Produzem um som primitivo que em vez de tocarem a alma. como são capazes de fazer com maestria os violinos e os pianos. estimulam nossos instintos animalescos. Não é para menos. um tambor com nome árabe e que é usado como instrumento musical sagrado em danças religiosas africanas não pode realmente ser algo que preste.\n\u003Cp\u003E\n\u003C\/p\u003E\u003Cp\u003ENão reconheço o sagrado. nem tampouco presto a ele alguma deferência. Trata-se de uma bobagem oriunda da fé. palavra esta que alço ao lugar mais alto do pódio das misérias da Humanidade. A fé é tão tosca e sem sentido que o criador. se é que realmente ele ou ela existe. sequer um dia precisou tê-la. Por que alguém que tudo criou necessitaria ter fé na própria criação? A fé é o recurso das criaturas incompetentes. O Universo existe para ser constatado e não para ser alvo da crença infantil dos fracos e dos incapazes de compreendê-lo de fato. Para estes. o que resta para que o cérebro crie algum sentido sobre a própria vida é essa imaginação mitológica medíocre e que serve de alicerce para as religiões inebriantes e inúteis.\n\u003C\/p\u003E\u003Cp\u003EO que sinto por aquela desgraçada desencarnada não tem relação alguma com fé. muito menos com o sagrado. É apenas paixão. completamente incontrolável. doentia. e que começou para meu azar e ironia em meio ao ruído primitivo daqueles malditos atabaques. Nunca havia me apaixonado. sempre achei esse tipo de sentimento um descontrole dos mais fracos e dos emocionalmente dependentes. Nascemos e morremos sozinhos. e por que diante de tão inexorável caminho precisamos gastar energia vital para criarmos um laço de dependência tão forte em relação a outro ser qualquer que um dia desses nos deixará? Só agora. no entanto. percebi que a paixão não é uma escolha. é um distúrbio.\u003C\/p\u003E\u003Cp\u003E\n\u003C\/p\u003E