Pouco conhecido fora da Rússia - embora seja considerado um dos nomes mais expressivos da literatura daquele país -. M. M. Prishvin (1873-1954) pertence à linhagem de escritores \u0027viajantes\u0027. como Jack London e Joseph Conrad. que deixam a velha Europa para buscar aventuras e inspiração nos lugares ainda intocados pela civilização européia. Prishvin escolhe a Manchúria como cenário desta narrativa. e constrói seu alter ego na figura de um jovem engenheiro russo - o narrador da história -. que ali se refugia para escapar da Revolução Russa. Ele trava contato. então. com um velho sábio chinês que lhe ensina os segredos do ginseng. a \u0027raiz da vida\u0027. e da existência em harmonia com a Natureza. Através do sábio chinês. ele é iniciado nas propriedades curativas do ginseng. aprende a apreciar aquela natureza selvagem - encantando-se. particularmente com os cervos pintados que povoam a região - mas ao mesmo tempo mantém valores positivistas que entram em choque com a vivência que está experimentando. É dessa tensão entre o respeito à natureza e. contraditoriamente. a realização de ações que buscam dominá-la e subjugá-la. que a história envolve o leitor de maneira decisiva. situando-se como uma narrativa entre a fábula e a aventura. A edição traz ainda um esclarecedor posfácio. no qual o tradutor Roberto Cattani situa uma história do ginseng na cultura chinesa. além de fornecer um panorama da utilização na medicina e nos rituais mágicos taoístas da \u0027raiz da vida\u0027 e de outros ingredientes mencionados no livro.