Esta couraça feita de poesia \u0026 de orgulho. como vemos na epígrafe de Flaubert que abre o livro. entrelaçando ferro \u0026 ouro numa cota de malha. é. portanto. delicadeza dos que vivem. porém também máquina de guerra; nem se pode esperar um fio de cabelo a menos que isso da poesia contemporânea. É a máquina dos hoje fatigados. que sabem que não podem esperar nada de imortal neste mundo (immortalia ne speres nos diz um título; enquanto o último poema é um corte frasal. como a própria morte. fazendo do fim um circuito ou um avesso) que se reafunda em autoritarismos canhestros. farsa de farsa de farsa. que só do lado dos massacrados cheira a tragédia.\n\nPorém num ponto Villa salta ainda além do recrudescimento (ou mesmo da redemanda) de uma poesia ativista: seu olhar crítico. duro. incisivo ao longo de pequenas sátiras. tem também o dom de um universo iluminado ? tem a busca de belezas. assim plurais. sem o velho monocorde do belo ? tem nisso o germe de um mundo que. terminando. precisa ser ainda uma vez recomeçado. um pulso de vida alucinado (“extensão dos cabelos. estrelas” é um desses muitos punti luminosi). Livro tantas vezes começado. agora chega. vindo de mais de uma década atrás. marcado pelo passo desta última década. como se feito exatamente agora.\n\nGuilherme Gontijo Flores