O movimento metamorfoseador. que atravessa os nascimentos e as mortes do corpo feminino. será o fio espiralar em que ondula “Gurufim”. Temos aqui a presença de vozes multifacetadas de mulheres que duvidam até mesmo da sua condição de ser-estar num mundo como o nosso e anseiam. tecem. como a aranha. o ovo inédito. \n\nAinda que a busca seja pelo impulso de vida. velhas dúvidas vêm à tona. Como ser mulher vivendo num país recorde de feminicídio e estupro? Como sentir prazer a partir de um corpo sentenciado antes mesmo de nascer? Como sentir o amor se este pode efetivamente matar? Como é \u0022ser\u0022 num lugar em que se precisa ludibriar a todo instante o \u0022não-ser\u0022? Inquietações como essas pulsam nos versos agudos desta poeta nordestina. afroindígena e periférica. que no processo de revisitação da sua ancestralidade. atribuiu a sua poética um lugar de sonho. de infinitudes. de encontro contínuo entre passado-presente-futuro.